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INQUIETO

"Mas sigo o meu trilho. Falo o que sinto e sinto muito o que falo - pois morro sempre que calo." (Affonso Romano de Sant'Anna_Que País é Este?)

terça-feira, 22 de agosto de 2006

Espero o tempo acabado

Só espero que esse tempo passe 
e enrugue toda a minha face 
espero que os minutos se matem 
e que os cucos infinitos cantem 

 Espero que o tempo trace 
os destroços por quê passe
 sem deixar seu sêmen
 sem chorar seu orar. Amém.

Espero, que quando o tempo pare,
 que tudo não seja páreo
 para o nada que sobrará

 espero que minha vida seja levada
 e quando estiver acabada
 se finde sem, não mais, parar.

domingo, 20 de agosto de 2006

Doce Uva

Quero me entreter em suas curvas.
Deixam minha mente em nuvens turvas
Fará minha solidão pobre viúva
E me recheará com doces uvas
...........
Faça do abandono, o passado.
E terei prazer de novo ao seu lado
Mesmo com as tolices do meu fado,
Estarei em teus seios mergulhado
............
Passe por minha casa após a chuva,
Coloque-me inteiro em sua luva
Só, assim, me tornarei impávido.
............
Aconchegue-me perto de sua vulva
Com minha face a derramar a lava,
Que irrompe do meu peito afogado.

quarta-feira, 16 de agosto de 2006

Antropofagia da democracia

Poesia de Anderson Moço, Daniel Fleming e Moreno Bastos

Ontem comi um anteprojeto de lei
Saboroso e indigesto como a democracia
Farei um lobby estomacal pela autarquia
Para limpar minha boca nas barbas do rei
...............
Aguardo, sorrateiro, o desjejum da burocracia
Para falar livremente com demagogia
Só me calo com o guardanapo executivo
E os processos lavatórios do legislativo
......
Uma máquina de lavar processos relativos
Limpa o fim de semana de recessos retroativos
Na Piscina, os trampolins de falcatruas eleitorais.
Esqueçam os dias de cão, só lembrem dos carnavais!
.........
Ao digerir informações sem freios
Perco o controle dos fins e dos meios
Em um penico de ética desigual
Defeco um projeto inconstitucional


segunda-feira, 14 de agosto de 2006

EMpazINADO


As vias sanguíneas estão congestionadas,
há interrupções arteriais engorduradas.
Os ossos descalcificados não suportam
o peso estonteante que os entortam.


Os pés dessa cidade estão tortos
e os dedos das suas mãos, devotos
às suas preces vãs. Desesperados
pedem aos seus atores mais cuidados.


Há músculos lisos estirados,
que de esforçados se romperam.
As articulações dobram erradas,
tornam suas pernas esgarçadas.


Nas coxas, se suporta esse peso
de um tronco farto por obeso.
No centro cerebral estupefato,
rompem-se adutoras num infarto!