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INQUIETO

"Mas sigo o meu trilho. Falo o que sinto e sinto muito o que falo - pois morro sempre que calo." (Affonso Romano de Sant'Anna_Que País é Este?)

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

desPaLavrado


As mãos correm
pelo corpo
a tatear
toda a planitude
do lugar.

Sem murmúrios
e assovios
nos ouvidos
me sussurram
estampidos!.

Para a falta de palavras
um silêncio ensurdece
me tapa os dons
e agonizo
sem sinal dos sons.

O frêmito do peito
soa surdo
e despreza o batimento
do absurdo.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

sós

Nós não somos nós
a não ser sejamos,
além de nós,
tudo o mais.

Nós só somos nós
se não esquecermos
que o arredor
tal nos faz.

Nós, somente nós
sabemos estar a sós,
indispostos
pr`a paz.

Nós somamos nós
se nos entedermos
nos tratos
e após.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Casmurro

Quero notícias de você
pra me fazer dormir
quero uma nota sua
se eu existir.

Quero Corresponder ao seu desejo
de me esquecer,
mas preciso me informar
cadê você?

Quero saber onde está
aquele seu afago
e não perder aí
seu doce amargo.

Quero me perder assim
para lhe encontrar
fora das vontades
de lhe impedir.

Quero notícias de você
para poder sonhar
um som que seja
pra sentir.

domingo, 8 de maio de 2011

feLicitação (ou Letra Morta)


Investido no poder sobre este corpo
por decreto inderrogável do meu peito
publica-se um certame em mim absorto
no intuito de não ser jamais desfeito.

Como um ato pessoal discricionário,
delineio o requisito imprescindível
para concorrer a um quinhão agrário
de um terreno árido dito indivisível.

Para estar devidamente habilitada
exige-se amar cada pitada
dos fartos desatinos do destino.

Se estiver em nossa alma concentrada
sairá da decisão como a cotada
para ser a vencedora em meu cassino.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

viVIdas doREs

Como é doce lembrar das minhas dores
as que não doem tanto na lembrança
de ter vivido, intenso, os meus amores
e terminado cada amor sem esperança.

Ai, como é bom lembrar por ter passado
e não viver mais nada do vivido
até suspiram sopros, superado
dos beijos e abraços suprimido.

A cada passo dado, mais distância
dos nós em nós mal dados de infância
e, agora, ter meus sonhos sem lambança.

As dores que virão terão em breve
um farto entroncamento em greve
com a memória grave que descansa.

sábado, 26 de março de 2011

Poeteria


Eu fabrico rima
um verso acima.
O pão na palavra
e o fermento destrava.

Um tempo pra crescer
e o trigo a enriquecer
a sílaba na cilada
da verve enraizada.

Depois que aparecer
podemos esquecer
e partir ao meio.

Um beijo a escrevê-lo
tecido no cabelo
do dorso ao seio..

quarta-feira, 9 de março de 2011

enSIbilante

Vou me deixar levar
no ar, distante do meu lar.
Vou me deixar dar vazão
e vazo à vista da evasão.

São vastas suas vestes
para enviesar as pestes
sabidas de seus brios
Em sibilantes secos rios.

Vou acompanhar faisões
feridos em francas ilusões,
manchadas em chuva vã.

Molha os meus sermões
para introjetar razões
nas veias do amanhã.


segunda-feira, 7 de março de 2011

ReInVento

Não consigo te ver
Sem que o coração pule
Para fora do peito
E uma chuva torrencial
Caia dentro de mim.

Não consigo pensar em você
Sem a escuridão
A tolher a razão
E ter raios saindo
Pelas pontas dos dedos.

Não consigo falar
Sem atropelar palavras
Sem dar tempo ao silêncio
E ter na língua
Um antigo sabor.

Não consigo escrever
Sem borrar a tinta
Com lágrimas caídas
Sem ter esperança
De nos reinventarmos.

Não consigo viver
Sem te ter nos meus braços
A esquecer os percalços
De um incansável drama
Pelo amor de quem ama
ETERNAMENTE

sábado, 12 de fevereiro de 2011

DesNovelo


Desejo, esvoaçante, o seu cabelo
aqui, de longe, sentado, a vê-lo.
Não posso me conter e peço ao vento:
me ponha em sua mesa num momento.

Quero desenrolar o seu novelo
porque, de longe, faz pirar meu pelo.
Se não suceder ao meu intento
posso lhe dizer que me arreBento

de desejo, por querer lhe conhecer
e, de longe, não posso me conter.
Sua saída me deixaria à deriva.

Acaso me traga instantes de prazer
deixo a tinta desta pena sem tecer
as lembranças esquecidas, minha Diva.


terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Patricinha Paraguaia (ou Hippie do AlphaVille)


Eu sofro calado,
afogado, enganado
em lamúrias de amor

de estar condenado
apenado
pela culpa que for.

Só que está ao seu lado
o culpado, atrasado,
dos soluços de amor.

Cê não sabe a responsa
a faz sonsa
não assume seus erros.

Compra a sua inocência.
Em clemência, a demência
guia o sonho ao aterro.

Troca louca as vontades
se evade
como troca os vestidos.

Se te compram verdades,
eu tenho a Humildade
em sofrer meus sentidos.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

nAS suas Tranças


Desejo, de pensar no seu pescoço.
Aguardo, impaciente, o seu endosso.
Morena, sua seda a envolver
o carinho que eu tenho por você.

Desejo nos meus braços há um tempo.
Só de lhe ter ao lado não contento,
posto o mundo de delírios vislumbrados
em apego de nos termos abraçados.

Seus trejeitos fortalecem o meu mundo
e o que sinto leviano está no fundo
dos seus olhos, sem me encarar.

Passo quase o tempo todo moribundo
e a sua presença faz parar em um segundo
ao ter, premente, só o seu pesar.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

De Peito aberto


Em cada tombo levado,
vestido em biombo vazado,
sustenta-se um tonto atoa
e a trama da tela o destoa.

Nos tantos amados se atola
por ter nas botinas Cartola.
As tolices tragadas aos tantos
te trazem ao tardar os meus prantos

tolhidos nas tortas gargantas
de todos os tolos e antas
que troçam dos ternos tremores.

Tentar me torcer não adianta
que o canto temido agiganta
e tapa os meus trapos de amores.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Olhos, Pôr do Sol


O seu peito, ardiloso,   prontifica
a arder em minha boca desejosa.
Como o fogo escaldante da cuíca
esbraseia, na sua perna, minha prosa.

Ao retumbar as nádegas da África,
 o seu ventre treme em polvorosa,
Preenche-se no ímpeto desta pica.
Causa-me delírios. Você goza!

Depois do dia pleno de calor,
esgueira-se, nos prédios, a se por
como guia um navio, o farol.

Em sua face, derramam, com ardor,
os meus anseios cheios de fulgor
jacentez nos seus olhos, Pôr do Sol.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Um Céu sem Chão

Tentei pintar o Céu na Parede,
mas esColhi Azul quase Verde
pOR não saber a cOR da IMENSIDÃO.

Tentei beber o Mundo de Sede
deitado, baLançando na Rede
sem ter, sequer, na barriga, um pão.

Ver com os sEus OlhOs lhe imPede
de taTear um Todo que
                                            [cede
a cada pasSO D.A.Do. em Vão.

Querem saber o que se suCede
nUm pluriVerso que não se mede
com a rÉgua derreTida na mão.

O Medo aPARece na prece
e faz com que a vIDA se aPRESSe
POr SERem ignorANTES sem cHÃO.

Acabamento

Vai acabar. Tudo um dia vai acabar.
Vão dissecar meu corpo sem propósito,
vão confiscar todo e cada depósito
depois que tudo entre nós se acabar.

A solução arrumada é o problema:
se distanciar em hora oportuna
vai depreciar nota a nota a fortuna
guardada em moeda pequena.

Cada esforço ruma à eternidade
vai deslanchar em verdade
que não se pode mais negar

Os sinais de um fim à metade
e este sentimento amargo que invade
nos lembra que tudo vai, um dia, acabar.