Quebrei muitas coisas
outras tantas, as consertei
Por ser homem de palavras
abri e fechei as travas
corrompi a lei
Deixei pessoas aos prantos
outras tantas, as que amei
Por ter o fulgor, faltava
e quase me arrebentava
nas entranhas, o meu rei
Tenho, em mim, todas as chagas
as que existem e as que inventei
Por mais que buscasse
não me curava
de todos males, os acessei
Voltam a sangrar, as feridas
após anos de escondidas
destrançam-se, as cicatrizes
ampliam a imensidão do tempo
e deixam, em carne viva, o corpo