Páginas

INQUIETO

"Falo o que sinto e sinto muito o que falo - pois morro sempre que calo." (Affonso Romano de Sant'Anna_Que País é Este?)

sexta-feira, 25 de outubro de 2024

A palavra voa

Nas palavras
se arvoram
os pássaros 

arredios

Os que voam
sem se ver,
sem se notar

As letras guardam
mais plumas
que o agora

E o depois
é voo    

É pouso breve
na testa
do que se quer
vento

Eu vejo hoje
e por aí 
que o canto
não mete pudores
aos tantos
desejos
dos remadores

Notícias Suas

Eu preciso ter notícias de você
Saiu assim, sem me procurar.
penso o dia todo em te ver,
está em cada canto do meu lar.

Me avise se chegou bem,
quando conseguir ligar
Seja cuidadoso em suas ruas,
não me deixe sem notícias suas

Quando viermos à nossa conversa,
desejo entender a sua pressa
E seja o que tenha a me dizer,
eu digo que não posso te esquecer

Meus medos sumiram no instante
em que seus dedos tocaram minha fronte.
Agora, sinto cada beijo que não dei,
como espelhos que escondem o horizonte.

Seja cuidadoso em suas ruas,
mas não me deixe sem notícias suas.

3irMãos e Mais

Sem obstáculo,
não trocaria a bota,
E num arremedo,
topava o dedo
e ficava na estrada.

Sendo o piso
sempre firme
e liso,
meus pés não teriam casca,
não teriam viço.

Em cada ladeira em que piso,
por toda subida que passo,
aumento o compasso,
estendo o caminho
e procuro força
na mina
da panturrilha.

Mas se a pedra não ferisse,
se a terra não exigisse,
o corpo seria o mesmo,
sem histórias escritas na pele,
sem lições gravadas no osso.

O trilho que sigo
forja mais que passos,
Ergue pontes
entre os percalços.

É nas curvas,
nas quedas,
que o espírito se alinha
ao destino.

Cada dor,
cada rastro,
marca o chão,
e faz do caminho
a chegada.