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INQUIETO

"Falo o que sinto e sinto muito o que falo - pois morro sempre que calo." (Affonso Romano de Sant'Anna_Que País é Este?)

terça-feira, 26 de agosto de 2025

Taturana

Você pode me queimar
Com todo esse fogo 
Eu piso descalço 
E lhe rogo
não lhe piso
E você me preza

Você se esgueira
Em suas patas e beiras
Move todo seu corpo
Para me atacar

Troca sua pele
E sobe no solo
Para que o esforço 
Lhe trace as cores

Pede que lhe toque
Em pilosidade
E sendo que me provoque
Eu lhe cutuco sem glória 

Lhe temo por cego
De ter apego
E prego:
Não me faça ardores!

E quando lhe vejo
Desvio a rota
Pois lhe ter morta 
Pouparia a pupa
sem metamorfose
em bela mariposa

segunda-feira, 25 de agosto de 2025

Sizígia

Eu sou o sol
Vc é a lua
Sou sua força 
E você a minha

Subimos marés 
Voamos as ondas 
E deixam no chão 
Os nossos pés 

Contra a força das águas 
E o seu retorno
Nado sem prancha

Subo em seu salto
Pra que num ato
Toque a sua sombra

Puxe meu corpo 
Perto ao seu corpo
E dentro de si
Somamos forças 

Giro ao entorno
Do que lhe torna
E num só gole
Eu me afogo

Em uma linha
Os nossos astros 
Mudam desastres
E forçam os ares
Em novos tratos


quinta-feira, 21 de agosto de 2025

Como a gente

Pouco importa
Por inteligente
Importa mesmo
Por ser gente

Pensar com os dentes
Tropeçar no caminho
Afundar navios
Sem ter aguardente

Ao mostrar assovios

Em suaves desvios

É que nos afinamos


Sem pensar no peso

Do desleixo

Sem deixar de pensar

Nos seixos

Que de rolados

Já não os queixa


Sem mente

Se inteligente

Há pra tudo

Um jeito

E qualquer sujeito

Tem sua razão 


Importa mesmo

é ser gente

Ter desvios

O queixo nos dentes

Por não ser sujeito

Ao que faz deleite

Do que foi, então 


Não nos deixe

Sem ser mar

Ao peixe

Nem dar cara

Aos tapas

Que afagam

E afogam


Ser inteligente

É ler 

No meio de toda gente

Sem ter nem noção