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INQUIETO

"Falo o que sinto e sinto muito o que falo - pois morro sempre que calo." (Affonso Romano de Sant'Anna_Que País é Este?)

sábado, 25 de outubro de 2025

ant-IA

O que produzo
Sob qual produto
Sabe lá seus rumos
As suas origens
Nem seu destino

Os seus ouvidos
E o que se escuta
Trava en permuta
os nossos pinos

Um peão à frente
Sem cavalo atrás 
Pede à nossa dama
Que se movimente
Em diagonal

Já por desatento
Provo do irreal
Que me tem
concreto,
inserto
e desproporcional

Ama a Chama

Se me ama
Se me quer cama
Não bote fogo
Não puxe a corda
Espere
Não me acorda
E se me chama
É que me ama

Vem, me pega 
Que se me esfrega
Eu me repuxo
E lhe dou luxo

Deito ao lado
Contrário 
Ao ódio 
E, não,
Não me endireito

Não apaga
e me chama
Não me puxa
E não fujo

Eu, vaia

 


Terras Raras

A saudade é um ímã de neodímio

Atrai tudo, por quê me redimo

um pedaço qualquer do meu aço 

Puxa toda a força e despedaço


Sim, sinto sua falta e falho

E nem lhe digo de verdade

Que nisso resiste a gravidade

Põe carta longe do baralho 


Vale muito nos perder

ter distância e querer

Que a cada polegada 

Soma, à força, a pegada


À distância, vejo os passos

E sigo o seu destino

Pois não lhe ter por perto

É só um torto desatino

sexta-feira, 3 de outubro de 2025

O renomado inominável


Eu te conheço 
Você me conhece
Não te mereço 
E me faz prece

Faço o que faço 
E não me lasco
Pois me sou grato
Lhe ter feito fato

Se pudesse dizer
(E nem digo)
O meu ciúme 
Tem fundo e cume
Pelo qual morro

Pois no desforro
Puxo o meu ser
pra (sem desaforo)
desaparecer

Sem dores
Lhe digo forte:
O que me leva
(À morte)
É ter medo demais

Mais do que isso:
Meu precipício 
É pular da margem
(de tanta coragem)
de todo abismo