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INQUIETO

"Falo o que sinto e sinto muito o que falo - pois morro sempre que calo." (Affonso Romano de Sant'Anna_Que País é Este?)

sábado, 12 de julho de 2025

convicto

Tenho a mais absoluta certeza que estou enganado!

Tive outras convicções, ao longo de infindáveis anos, em que me debrucei sobre o conhecimento. 

O mais preciso que já foi produzido. 
Por desconhecidos,
mas com nomes e endereços próximos do concreto.

Ainda que não possa dizer seus sobrenomes, é inegável que aquelas letras foram escritas, postas sobre papiros.

Se em grego, hebraico ou troiano... com vírgulas ou apóstrofes, não faço óbices às certezas que criaram.

E sobre as quais afirmo, e reafirmo:
tenho a mais absoluta certeza que estou enganado!

Não há no mundo uma evidência do que estou dizendo, nem há palavras que possa escrever para negar 
ou mesmo afirmar.
Isso que é o objeto do nosso questionamento!

Tô te falando!
O que penso é o que preciso, e isso é pouco preciso. 

E dito isso, posso lhe afirmar, ca-te-go-ri-ca-men-te:
tenho certeza que estou enganado!

E isso nem está muito certo.

sexta-feira, 11 de julho de 2025

Afeito

Tinha uma perna quebrada
e vontade
Você tinha vontade
e requebrava

Um olho no outro
é verdade
Temos desejo
Um suingue que arde

Pego em sua anca,
encosto em seus seios,
um alarde

Eu sei, você sabe
não é tão tarde
Forma o desejo
e damos um beijo

Me aprochego
olho no fundo do leito
Atravesso seu rio
sem nado

Um dedo, dois dedos,
meu corpo inteiro
e, sem ser
covarde
lhe ofereço a boca

No que já é tarde
Cada dor
dobra a idade
dos seus beijos
da sua boca
na minha boca

Em segredo
lhe tenho no peito
Inteira
dentro de um sujeito
sem jeito
imperfeito
e refeito

sexta-feira, 25 de abril de 2025

Bora

            B   ORA
ORA   ORA   ORA
DEM   ORA   ORO
ÉHO   RAB   ORA
CHO   RAT   ORA
AGO   RAF   ORA

HOR   AAG   ORA
MOR   AAM   ORA
FUR   AAB   OLA
ROL   AMO   RRO
LHE   DEV   ORA

ORA   ORA   ORA
AGO   RAF   ORA
    AGO   RAM   ORRo   


quinta-feira, 24 de abril de 2025

por_onde_houver_chao

Por onde houver chão 
Ando meus passos
Por trilhas desviadas
Piso fofo na areia 
E molho os pés n'água 

Por tamanha imensidão 
Caminho sem pressa
Que os passos são imprecisos
E os percalços fazem moinhos

Deixo o peso após o vento
E as rajadas dão movimento
Ao que se queria inerte

Agora, vôo sem asas
Deixo o cansaço pra trás 
E não lamento as trapaças 
Pelas que corri demais

No calcário dos recifes
Sangro meus dedos
E por deslize
Faço coragem
Dos meus medos

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

Leoa

Compreensão assim, sem fim
pouco se vê na vida
Você e o seu cuidado comigo
me dão abrigo
Assim durmo sem medo
Tudo o que conto pra si
é desprovido de limites
E os seus ouvidos dão chance
aos meus sons
O que me conta
me balança e alavanca
Seu corpo rijo e olhar esperto
tomam o espaço
por concreto
O meio em que nos encontramos
envolve as mensagens que trocamos
e quando passam as nuvens
o seu jeito destoa
Você navega o tempo
e impõe os gestos
com os olhos de Leoa.

Seu sol

 Eu sou 
seu sol
sem som
Sou solo
sedução
Sem sono
e sensação
Sou ser 
se é
no seio
a solução