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INQUIETO
sexta-feira, 23 de junho de 2023
O Carrossel dos seus Bichos
Checo, no momento, o quanto de si,
Em meu pensamento, realmente existiu
Releio suas mensagens e poemas
Ouço seus áudios já tocados
E me toco
O seu caminho me é visível
Sem que possa ter um retrato seu
O espírito dos seus trejeitos
Habita os meus meios
Sem lhe dar pistas
Nem deixar lhes veios
As imagens que tenho de si
Podem ser invento
Ou proveito
Os sabores que senti
São parte dos seus rumos
São portas pros desenhos
Guardados em camadas
Formadas
Por esboços de comportamentos
E delírios
Rodam em um carrosel,
seus bichos
Onde a cada giro
Há novos seus
Me preenchendo e submergindo
terça-feira, 17 de janeiro de 2023
POSE-it
terça-feira, 3 de janeiro de 2023
Choro em Chuva
Ao ser triste faz-se o desencanto
de tudo o que nós temos tanto
e pouco o que não seja pranto
Quando se diminui os passos,
e há tempo para um mergulho
sente, no calcanhar, cansaços
E a melancolia causa embrulho
É a chuva que nos faz correr
O choro é chuva dentro de você,
derrama quando ninguém vê
todo clima em que lhe anuvia
domingo, 4 de dezembro de 2022
Petit four
de todos os dias,
falta acalento
Falta argumento
que nos aplique
temperos nas ideias
Sabores nas conversas
Daí lhe janto as palavras
a cada garfada
nos seus trejeitos
Como seus cílios,
beijo seus segredos
para que a sua loucura
dê prazo ao meu desejo
Estenda o espaço
em que prevejo
caber tudo que virá
entre tudo
e tudo entre nós
em leves rios
a carregar os prantos
que tivemos
sob os encantos
de quem vive
Para se entregar
à foz
de seus caminhos
quarta-feira, 9 de novembro de 2022
O que flor será (Sorte em ser-te)
Espinhaço
já se notava
um indício
do seu jeito
Com o tempo,
o que tem por dentro
aflorou
suas quinas
aquilataram o espaço,
determinaram o passo
e privaram a cabeça
dos seus traços
O que for que faça
tem sua graça
e o seu contrário
Soma ou Suma
sendo só
uma
soma
seu som
é sintoma
sem
dor
sai da sua
sanha
senta-se
e sinta
cento e sessenta
tons
de sabores
Em suma,
assuma!
AmarOmar
me faz querer
marejar
mover e mexer
mergulhar
imenso
em
imerso
firmamento
que
disfarça os pensamentos
para me ater
me atar
a ser quem sou
inverso
e avesso à dor
Marcianos
porque te quero tanto
em qualquer dimensão
Se tivesse dinheiro
deixaria o mundo inteiro
pra lhe dar o espaço
Vamos voar sem freio
que o rumo do meu peito
tem sua direção
Eu sei que sou suspeito
mas vou dar um jeito
pra lhe ter por perto
Entre em nossa nave
vamos voar suave
e pousar na imensidão
sábado, 20 de agosto de 2022
My place is no place
interminável
do café Bricolete
a musa de Camamducaia,
uma moça despojada,
tanto quanto desastrada
pintada toda de branco,
com cabelos vermelhos
e eu
planejávamos trovoadas
a serem cometidas junto
ao nosso pequeno DOG-GOD
de sete centímetros
que não parava de ser atropelado
infinitamente
ao lado do café da escada
Exatamente todas as vezes
em que alguém abria a porta do café
caiam todas as bicicletas
à sua frente
e a gente
sem tentar parar o mundo
levantava uma magrela junto a outra
Foi nesse instante desconexo
em que conhecemos as duas namoradas
possuidoras de uma das bicicletas
que numa de suas quedas
amassou o já amassado
chicletinho rosa
onde estava escrito
"Juntas para todo o sempre"
domingo, 10 de abril de 2022
aDoraDor
já não receita poesias no escuro
Deixa-me tomar litros
do obscuro
sem dizer onde excretá-lo
No parque onde fazia exorcismos
a grama crescia, virava arbustos
Onde me prendia
aos prantos dos moluscos
Os arredores dos meu bichos
tem mais dentes cravejados
que oblíquos
Estacionado seu calço,
nos alpistes.
Os ossos descalcificados das turbinas
impulsionam já, desafetados,
nosso clima
Atravessam em nossos ralos caldos,
de bubuia,
as mensagens atiradas na labuta
Tem dias que se baixa o sol
pelas beiradas
sem dizer às suas folhas
por quais estradas
vão cair ou revirar
a sua alma
quinta-feira, 13 de janeiro de 2022
AMIGO
Sei bem que as amizades se dissolvem, na mesma intensidade em que se firmam. Somos sujeitos distintos, porquanto o tempo nos defina.
Nosso caminho tem atoleiros, como tem mata-burros, estende tapete e cria absurdos. Estes degraus estabelecem o impulso ao nosso interesse.
Sinto ter pisado em falso muitas vezes. Foi a gana de escalar que me fez cair. Querendo mostrar o que não possuía, te fiz rir, de mim.
Em tempo, ao me pensar além da razão, dei vazão ao que não se quer impedir. O que lhe pedi, faria por ti e, por mim, gostaria de ouvir.
Sei que traço caminhos cruzados, sem sentido ou enviesados. No fim, de tudo o que aprendi contigo, restam abraços de um caldo divertido.
Posso dar muito mais ao mundo do que me considero, inadvertidamente, capaz. A idade, a mudança, a alteridade, Aleluia! Sobrepassam o senso irrazoado que nos domina tempo e hora.
Rogo que perdoe meus arroubos, deixe de lado meus instintos. De todo modo, a cada cálculo que fizer, estará somado o balanço do barco ao chocalho da rede.
Em cada atitude esperada, posso deixar um desejo, dar passo errado e me desculpar.
Pouco sei do caminho traçado, mas fazemos curvas, olhamos pros lados, desenhamos o mundo. Estamos (f)errados!
Nosso desenho é rabisco, mas o esboço traz previsão. Guardo sempre ao lado, o balanço, o aprendizado, pra ser menos criança e ter no calço, a sua razão.
Mar, sol, calma e emoção!