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INQUIETO

"Mas sigo o meu trilho. Falo o que sinto e sinto muito o que falo - pois morro sempre que calo." (Affonso Romano de Sant'Anna_Que País é Este?)

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Tacanha


Esse teu olhar dissimulado
de desprezo por mim, alijado,
dói forte nas minhas entranhas
por não saber o que ganhas.
Me incomoda forte tua sanha
por ser tu mulher tacanha
a estimular o peso do fardo
por mim, arduamente, carregado.
Vão passar tuas artimanhas.
Vão passar dores tamanhas
que me tornarão liqüidado.
Vão passar as tuas sanhas.
Vão passar as minhas manhas.
E só ficarão no passado.

Poeira estrelar



Você pensa como se todos girassem ao seu redor. Pensa ser o sol que esconde a obscuridade de seus seguidores. Você regula o movimento de rotação de suas amizades. Limita as intransigências peculiares de seus amigos-satélites. Saiba, que, apesar de minha ignorância inerente ao meu estado humano, me localizo perante o Universo. Definitivamente, você não é meu Norte.
Pode se aproveitar de minha inconstante benevolência. Contudo, ressalto meus interesses e a necessidade de
conhecer o ambiente, inclusive dos astros-vaidoSoS.
Esse seu egocentrismo é, certamente, seu maior erro. quando toda sua áurea incandescente se esvair, sua beleza
arregar, achará o que lhe cabe nesse latifúndio. O efeito narcotizante de sua vaidade não dura mais que as necessidades críticas de seus servos. Sofrerá ao se ver esparsa na imensidão e tiver a obrigação de girar em torno de um ente maior que lhe assegurará a permanência em outro sistema solar.
E o sofrimento lhe será mais útil que todo o charlatanismo auto-propagador assumido por você.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Os braços dos rios


As cores rústicas da beira dos rios Pauiní, Atucatuquini e médio Juruá, braços da principal bacia hidrográfica do mundo, reiteram a observação singela do escritor Milton Hatoum “Aqui a passagem do tempo é tão lenta que a vida pode caminhar sem pressa”. Essa percepção está, também, nas linhas, formas e expressões captadas pelas lentes de uma máquina capaz de diferenciar muito bem o natural do artificial.
Mas as lentes oculares dos homens da floresta vivem a natureza e não a diferencia. Sabem que cuidando dela, cuidam de si. Nas dificuldades da vida onde seus instrumentos são os mais simples, como os objetos de madeira, troncos, braços e pernas, Fernanda Preto consegue mostrar que há, neste lugar, mais expressão humana do que suposto.
Suas fotos mostram, nas cores da floresta e no uso que o homem faz dela, a proximidade que há entre os diversos tipos de vida na distância dos rincões mais inacessíveis. E a certeza da distância na beira dos rios dita o ritmo das mudanças e traz o alento da continuidade.

Tormenta



Tem marmanjo que num guenta
a minha imagem magenta.
Intendo atormentar as idéias
e torcer um tanto de ateias.
....
A convicção que ostentas,
ágape com as ferramentas,
não passa de prosopopéia

anterior à era da pangéia.
.....
Tire os enfins de suas ventas!
Cessa tuas manias nojentas
para assistir minha estréia.
....
Quem não sabe, inventa.
E o nosso invento atormenta
nas tripas em diarréia.

domingo, 21 de outubro de 2007

Poesia em demasia


Agora, chega de hipocrisia:
não é ensinada em aula, a poesia
O mundo que gira é o poema!
Inexiste qualquer esquema

O esquema é viver
e obedecer ao que acontecer
Não dê asas à azia!
Poesia em Demasia!

Pra controlar o descontrole
a poesia me engole.
Não me amole.
pois, não é mole.

Se atira o autoritarismo,
de ensinar o indecifrável,
sou todo o terrorismo
de uma aula interminável.

Só as discussões são sãs,
mas a apatia empata.
Toda desvalorização vã
desfacela a fatura e enfarta

O esquema é viver
e observar o que acontecer.
Não dê asas à azia!
Poesia em demasia!

A poesia é construção,
as palavras, os tijolos dos versos,
as estrofes, paredes do refrão
Apesar do meu piso inverso,
vou construir a desconstrução.

O senso crítico é o guindaste
que parte meu baluarte,
porque pra construir
o princípio é destruir
e continuar a rir.

Então vamos começar...
As paredes vão balançar...

Pode trazer os seus versos
que não ensinam poemas avessos.
Destruo suas rimas pedantes.
Desprezo a métrica antes.

O esquema é viver
e observar o que acontecer.
Não dê asas à azia! Poesia em demasia!

Se é polida , não é lida.
Sé é pobre, se encobre.
Mas, se rústica e rica
é uma acústica que fica!

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Eu odeio insetos



Eu odeio insetos,
Mas as borboletas me comovem
A arrogância em mim dissolvem
Só que sigo incerto.
Com a natureza eu flerto,
Mas o incômodo que promovem
Alçam vôo num reclame inquieto
Como a rarefeita nuvem,
Que me deixa certo
Estão perto!

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Me deixa te beijar

Beija-me
Não deixa-me
Me deixa ser só teu
Me deixa secar tuas lágrimas
Me deixa consertar minhas lástimas
Me deixa contar o que ninguém escreveu

Me deixa mudar ao teu lado
Me deixa melhor ao te ver
Me deixa por ti educado
Me deixa, de ti, entorpecer

Não me deixa só contrariado
Me deixa intrigado
Por não conseguir me expressar

Deixa de me deixar
Me dá uma deixa
Me beija