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INQUIETO

"Mas sigo o meu trilho. Falo o que sinto e sinto muito o que falo - pois morro sempre que calo." (Affonso Romano de Sant'Anna_Que País é Este?)

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Queda Ocular

Quando cheguei no solo extasiado,
mirei o teu semblante logo ao lado.
Só de te ver acelerei as sensações
dentro de mim em grandes proporções.

Vou mergulhar de ponta no teu cristalino,
entrar em queda livre no teu desatino.
O brilho dos teus olhos é a minha sina,
parece engolir meu mundo com a retina.

A tua íris é o meu céu encantador
e a tua pupila dilatada oprime a dor
que eu sentiria sem viver estes momentos.

Abrirei meu paraquedas no teu peito
pra me dissolver em ti, ser rarefeito
e poder voar, tranquilo, em teus inVentos.

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Contradito


Nada é como esperamos.
Ao pedir paz, brigamos.
Ao brigar, reconciliamos.
Ao querer comer, inflamos
e ao chorar, secamos.
Assim que somos, sumimos.
Se quisermos sumir, assumimos.
Ao se limpar, suínos.
Pra não acontecer
é só imaginar.
Se quiser lembrar, esqueço.
O que tem nos pés, cabeça.
O que tem nas mãos, engessa.
Para fugir sem pressa
pare de roer a mesa.
Para almoçar, a sobremesa.
Ao desconstruir, firmeza.
Ao pesar, leveza.
O reencontro é a arte do desencontro.
Para unir, desate.
Para respirar, enfarte.
Para calar, se parta.
Se quiser ficar, reparta.

sábado, 23 de fevereiro de 2008

mata_barata


baratas,
suas ratas,
se arrastam
nas arestas,
sudorizam
os ladrilhos,
não dão ares
de andarilhos,
mas insistem
em perambular.

vou causar-lhes
morte.
e o chinelo
é o chicote
pra lhes açoitar.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Nem me viu


Quem te viu, quem te vê
Bem-te-vi
A tua vida vadia
evadiu.
Se envolveu nos vacilos
da vida.
Visando averbar a revira-
volta.
Se teus sonhos sadios
dormiram,
se enfadou nos caminhos
fodidos
e faliu sua chance
de mudar sua
história.
Se roeu nas raízes
dos males
e morreu sem
brincares
nessa vida
arredia.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Subtração

Poesia e foto de Raphael Alves



É sobre este estado de subtração
com milhas e milhas de falso pudor
que se apresenta em Novo Airão
e compreende o Estirão do Equador
...


E é sobre a serenidade que vive a viajar
E nem deixou seus votos por aqui
Não me encontrou em Amaturá
tampouco achou-me em Beruri
...
É sobre o ladrar dos cães
e sobre o silêncio que já descansa em paz
É da cor de Alvarães
e da textura de Codajás
...



É ainda o porquê destas palavras afins
que jorraram pela semana inteira
ao nascerem em Tonantins
e seguirem para São Gabriel da Cachoeira


...
E nunca quis soar estranho
com pretensões de mundos inteiros
Pois não foi várzea nem castanho
Refiro-me aos Careiros

...
Mas sempre foi sobre a descrença
deitada nua em pleno divã
que sequer fora a São Paulo de Olivença
mas implorava por Benjamin Constant

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Torresmo


A Saudade
essa vadia
dá pra todo mundo
a qualquer hora
por qualquer coisa
em qualquer dia.
Quero afogá-la
em lamentações
e expulsá-la
pr´outras estações.
Só quero ter
saudade
da Saudade mesma
e sair ileso
de virar
Torresmo.

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Paixão Interrompida

Desajustados, batem meus ventrículos
e minha face obedece aos ventríloquos
que ajustam o caminhar da minha boca,
oca, capaz de entoar só essa voz rouca.

Só tem sangue venoso nos meus átrios.
Esvaem-se os vastos adjetivos pátrios
por cederem espaço à paixão sadia
afogada em doses extras de covardia.

Romperam-se as funções das válvulas
e, se puder lhe reciclar, salvo-las,
para poder restar alguma parte minha.

Sua ausência desconjuntou os batimentos
e, por ora, os meus olhos são lamentos
de um coração a morrer de arritmia.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Em meio aos templos derrubados

A12 Internacional/ Estadão dia 12/09/2005

Poesia de Daniel Fleming e Vilauba Herrera






O texto do ditador é taxativo:
será feito sem dó nem piedade
O ataque é nuclear e preventivo.
Vão procurar nos escombros, a liberdade.

Enquanto mexem com a Faixa de Gaza
e lançam seus gases venenosos
o Homem do povo fica e o Severino Vaza
desses dias corruptos assombrosos.

Fardados vêm em plena chacina,
avançam de raio laser e avião,
correm de volta para a faxina
após a visita de um furacão.

Ao contrário de um cidadão assíduo,
em baixa o Bush puxa
a um corrupto conspícuo
sabujo de rabugice murcha.

Viciados pela diabólica doutrina,
disfarçados em capa democrata,
beijam os pés de Ofélia e Katrina
planejando o próximo tapa.

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Pacto equilibrista


Tiro com esforço a tua blusa,
mas não assomes: me abusa.
Ao Libertar teus safos seios,
Sufoco num sopro os devaneios.
...
O teu cabelo é uma confortável cama
e a tua boca acende a minha chama.
Vou querer te pegar de novo,
se o teu céu clarear, eu chovo.
...
É doloroso me desfazer de ti
e me dissolvo ao te ver partir
pr´essa tua vida equilibrista.
...
O que eu disse foi o que senti
e vou virar saudades sem ti
nessa minha vida de malabarista.